terça-feira, 8 de novembro de 2022

Tudo acaba em um segundo

Hoje, conversando com um colega do trabalho pelo Teams, do nada ele parou de responder porque uma pessoa no seu ambiente de trabalho estava tendo uma convulsão e saiu do trabalho numa maca. 
Como é estranho refletir sobre a brevidade da vida! É um clássico. Não sai de moda. Embora nós sempre fugimos desse tema. 
Será que quando dizemos que queremos viver o presente sem pensar no futuro, estamos voltando  nossa condição inata de fugir da temática da morte? 
Quando dizemos que queremos viver o presente sem pensar no futuro, fazemos isso porque já  morremos mas ainda estamos respirando? Já deixamos de viver e fugimos da vida em si buscando distrações,  ocupações,  hobbies  e diversas coisas que nos façam esquecer que o tempo passa e por isso estamos " vivendo o presente"? 
Ou o certo seria " viver o presente" justamente porque temos consciência da morte e que isso aqui pode não durar muito e por isso não há tempo a se perder existindo como um vegetal e viver é necessario? 
Vivemos o hoje pra esquecer que morreremos e esperamos a morte chegar e nos pegar de surpresa deitados no sofá vendo Netflix ou vivemos o presente porque sabemos que ela vem e quando ela chegar queremos dizer " pronto, acabei aqui, vamos, podemos ir". 
Quando ela chegar. O que vamos dizer? Não  me leve agora! Preciso voltar pra dizer umas coisas pra algumas pessoas que precisam saber o quanto gosto delas! Ou iremos olhar nosso filme com orgulho de que nenhum testamento deixou de ser escrito? Vamos deixar nossa marca, nossa herança,  nossa boa lembrança em quem passou pela nossa vida? 
Pois desejo que você consiga dar um sorriso pra ela diga " vamos nessa". Deixei tudo dito nos meus testamentos. 

Lidiane Lima.

sexta-feira, 20 de maio de 2022

Existo, logo ocupo

Cresci ouvindo a frase " Penso, logo existo". Como seria bom se toda a existência se resumisse ao que penso. No entanto,  "existo, logo, ocupo". 
O corpo pequeno que ocupa espaços.  Ocupa uma cama, uma mente, uma vida, ou várias,  várias de tudo. Eu quero caber, mas caber não é se encaixar ou entrar na forma, o que seria se conformar. Entrar em forma ou se conformar é se adaptar ao outro, ao externo. Talvez isso não seja ruim, quando o tamanho do outro coincide com minha largura ou é tão mais amplo que me cabe e sobra espaço. 
Gosto de sentir que ocupo o suficiente ou me sobra espaço. Quem cabe na cama não ocupa sofá,  não ocupa cadeira, porque sobra, vira um excesso desconfortável,  como se não fosse pra estar ali. É uma questão de capacidade, como num elevador que dá conta de até 5 pessoas e se você for 10 pessoas, o elevador quebra, para de funcionar, para de andar. Nota mental. Somente entrar em elevador que caiba todas as minhas pessoas. 
Sou peixe. E peixe gosta da imensidão do mar. Onde cabe um peixe cabe muitos. Mas peixe precisa se mover pra estar vivo. Não pode parar, segue em frente em busca de espaço,  mais espaço. 
 Sou muitas.  Sou tantas que não dou conta de mim. Mas preciso organizar todas essas muitas. Uma lista de prioridades.
 Felicidade ou paz? Seria a felicidade ter paz ou paz é conformar-se ( entrar na forma de) ou daquele espaço que a vida me dá? Olha, eu sei que você é grande e precisa de uma cama mas toma aqui esse sofá.  E eu me contorço pra encaixar no sofá.  
A vida tem arte,  números,  lógica, pressa, planos, calmaria, realidades, sonhos, projeções. 
 Ah, as projeções! Como é fácil projetar fora aquilo que é fácil se criar dentro. Mas dentro o universo é controlado, como uma amostra estatística limitada,  fora , a quantidade de variáveis aumenta e o estudo perde controle. 
O problema é projetar ou não saber voltar? Projetar é fingir caber? Seria um peixe feliz no aquário? Será que no aquário ele também projeta o mar? Será que ele faz do sofá que lhe deram uma cama mental pra simplesmete estar e viver dia após dia? Será a vida um enterno cálculo de probabilidades? Encaixar os anseios e sonhos dentro das reais probabilidades,  caso contrário,  não se é feliz?
 E o espaço? a cama, o sofá,  a cadeira, o peixe, o mar, a água, a adaptação,  o curso da água pelas pedras, o deixar levar-se ou deixar ir...eis a questão. 

Inspirado no livro " A redoma de vidro" de Sylvia Plath.

Lee.

domingo, 1 de maio de 2022

O Palhaço - Minhas Impressões. Por : Lee

 


" O gato bebe leite, o rato come queijo e eu toco meu trabalho"

O filme é de 2011, mas só agora assisti. E assisti com toda minha alma e vinho. Selton Mello vive o personagem Benjamim, que junto com seu pai, Valdemar, faz uma dupla de palhaços num circo mambembe.

Benjamim, aos poucos , vai se tornando exausto de sua realidade onde tudo a sua volta parece fora de lugar e pequenos problemas viram pesadelos mentais de difícil resolução. 

No meio de todo esse pesadelo, Benjamim conhece uma bela moça , que vive na cidade de Passos ( atenção a esse nome!!!) , e sua presença ilumina todo o seu olhar, como se ela fosse a solução de seus problemas. E o diálogo meio que encerra quando a moça pergunta quando o circo  irá passar na cidade de Passos. 

Essa  breve conversa foi suficiente pra acender uma fagulha de fuga, um desejo de mudança ( que perigo!), uma vontade ardente de sair de onde está e começar algo novo  e " correr atrás de seu sonho" ( quem nunca?).

A partir desse momento, seus pensamentos são imersos de "problemas" que ele PRECISA resolver. É interessante o paralelo que o roteirista faz sobre esses problemas a serem resolvidos. Um deles era a falta de documento de identidade, pois Benjamim possuía apenas a certidão de nascimento. Então sua mente ficava repetindo a lista de problemas que ele precisava resolver : " preciso resolver minha identidade, isso e aquilo". Ali não se tratava apenas sobre o documento com foto, mas sobre sua essência. 

Uma outra frase repetida no filme era : " O gato bebe leite, o rato come queijo e eu toco meu trabalho". Uma referência de aprendizado pra que descubramos aquilo que NASCEMOS pra fazer, aquilo que sabemos fazer BEM porque faz o sangue correr em nossas veias. 

No meio da trama, Benjamim larga o circo e vai " correr atrás de seu sonho", ou delírio, eu diria. Chegando lá, na cidade de " Passos", descobre que a linda moça que conhecera iria se casar. Em segundos, o chão sai debaixo de seus pés. Mas, repare, mesmo que a motivação desse movimento tenha sido um "passo" em falso, ainda assim, Benjamim prossegue na resolução de sua lista de pendências, e a mais urgente era "resolver o problema da identidade". Assim, no lado literal, ele consegue finalmente o documento com sua imagem e embarca em uma nova profissão trabalhando como vendedor. Muda de aparência, usa cabelo "boi lambeu", se veste engomadinho pra se encaixar na nova função. 

Num dado momento, se olha no espelho e vem a epifania: não se reconhece

Às vezes, damos "Passos" em direção aos nossos delírios que chamamos de sonhos e nos damos conta de que tudo não passava de uma ilusão sensorial. Então nos olhamos no espelho sem nos reconhecer e finalmente temos a humildade de voltar atrás para onde nunca deveríamos ter saído porque é lá o lugar onde nossa essência emerge com naturalidade.

Subitamente, Benjamim volta ao circo, como um filho pródigo, fazendo uma surpresa a seu pai no meio de um show e  reconstruindo a frase : " O gato bebe leite, o rato come queijo e eu? eu sou palhaço", fazendo um show que contagia a plateia.

O gato bebe leite, o rato come queijo....   e você ? 


Lee. 

#opalhaco # sentonmello #cinemabrasileiro


sábado, 30 de abril de 2022

De volta à escrita


 Bem, amigos da Rede globo. Cá estou novamente, após mais de uma década, de volta à escrita. 

Dia desses estava comentando com meu marido que me sinto como a cantora Adele, que só produz álbuns após divórcios. De fato, a arte é expressão de sentimentos e, em alguns casos, somos melhores quando estamos piores, quando a dor é latente, aí vem a inspiração e as palavras fluem como as lágrimas. 

É preciso dizer, dizer e dizer, assim como chorar infinitamente, até que se caia ao chão e em si mesmo e venham as epifanias, os esclarecimentos, a aceitação da vida como ela é, com suas cores vibrantes e sua ausência de cor, conforme as leis da física, o preto. 

E há momentos na vida em que nos damos conta de que está tudo preto, tudo sem cor. E olhamos pra trás e não conseguimos perceber quando exatamente foi o momento em que as cores ficaram pelo caminho ou quando elas nos foram roubadas por circunstâncias da vida ou pessoas que passaram por nós e as levaram. Sim, há pessoas que admiram tanto nossas cores que acabam tomando-as pra si e nos deixam no preto, na ausência de cor. E talvez eu fale sobre isso mais pra frente. 

O que importa no momento é que pretendo não ser mais uma Adele. Quero muito voltar aos meus textos e me permitir escrever e me projetar em diversos sentimentos e personagens. Pra isso, pretendo assinar cada postagem com uma Lidiane que existe em mim. 

A Pinklady, aquela de um passado distante, terá seu lugar aqui com a republicação de alguns de seus textos. Não posso me envergonhar dela, ela construiu quem eu sou com todo seu processo em depressão. Mas teremos a Samantha, minha personagem favorita da série Sex and the City. Samantha é uma parte de mim, irreverente, que fala como se homem fosse numa sociedade que insiste em ser machista e diferenciar o peso de um discurso quando sai da boca de um homem e de uma mulher. E a Lee, ah, não sei bem o que esperar da Lee. Aos poucos ela vai mostrando suas cores novamente. E quem sabe outras e outros não apareçam no meio da jornada?

Lembrando daquela aulinha de Teoria da Literatura que diz que o autor, pessoa, não é quem escreve. Escrever é como uma psicografia. O autor é um instrumento que dá lugar às diversas vozes que habitam seu inconsciente e nós não somos nossos pensamentos, eles apenas passam por nós em forma de hipóteses, dúvidas, permissões e imaginações. 

Então se você me conhece pessoalmente, favor não confundir, combinado ? 

Lee. 

Tudo acaba em um segundo

Hoje, conversando com um colega do trabalho pelo Teams, do nada ele parou de responder porque uma pessoa no seu ambiente de trabalho estava ...